Bom dia.
O dia em que descobri que seria pai foi um dia muito especial mas que começou de uma forma no mínimo engraçada. Além de ser acordado com a frase: “Rodrigo, estou grávida” havia um teste de gravidez quase tapando minha visão.
De qualquer maneira foi uma notícia que me deixou completamente feliz. A Ana e eu já havíamos desistido de tentar engravidar. Isso porque nossas tentativas não haviam dado certo e, como estávamos começando a vida em outra cidade e iniciando em novos empregos, decidimos focar no trabalho e tentar novamente no futuro. Na verdade, como as nossas chances de engravidar eram pequenas chegamos até em pensar em adotar uma criança. Porém com a descoberta da gravidez ficamos muito entusiasmados.
Normalmente a ficha do homem só cai realmente quando a criança nasce. Aquela história de “olha ele mexendo aqui!” ou “Nossa, ele chutou a sua mão! Você Sentiu?” é muito superficial para nós.
“É claro que eu senti!” (era a vontade que eu tinha de responder) rs… mas é muito pouco comparado ao que a mãe pode sentir. É por isso que a nossa cara nesse momento geralmente decepciona a mãe…rs… ela sente um chute enquanto a gente sente um pequeno tremor, quase imperceptível.
Entretanto, quando soubemos da notícia que o Raul teria lábio leporino e fissura palatina eu me senti um pouco mais perto dele. Foi um pequeno empurrão para a ficha cair. Eu precisava realmente cuidar dele, indiretamente é claro. Por mais que eu também estivesse desconfortável com aquela situação e por também estar triste por ver a Ana triste, eu precisava criar o melhor ambiente para ela, o que traria para ambos uma gestação mais tranquila. Obviamente qualquer mãe sentiria medo ao receber a notícia de que seu filho tem alguma peculiaridade, mas pelo fato de ser Fonoaudióloga e saber todas as possíveis complicações que poderiam ocorrer, era compreensível que ela se sentisse muito mais angustiada. É daí que vem aquela frase “O doce sabor da ignorância”.
Por essas e outras eu poderia classificar a minha paternidade como “movimentada”…rs..
No meio do caminho tivemos mudança de cidade, pintura de apartamento, mudanças de emprego, complicações desnecessárias no hospital em que o Raul nasceu e tudo isso sem contar que nossas duas cachorras tiveram filhotes no dia do nascimento dele.
Mas eu posso dizer que ser pai ou, para ser mais abrangente, ser responsável pela criação e formação de alguém é uma experiência capaz de nos fazer ver a vida de uma forma diferente. E eu não digo apenas por ser algo novo em nossas vidas, mas também por ser uma oportunidade de termos na prática uma amostra de como foi nossa atuação na vida dos nossos pais. É algo realmente inspirador e não pode ser explicado, é preciso ser vivido.
Não dá para explicar, por exemplo, a sensação de escolher o nome do seu filho, passar 9 meses com uma mulher sem TPM, ver a mãe do seu filho cada vez mais bonita (e mesmo que você elogie ela ainda vai se achar gorda), descobrir o sexo do bebê, tocar os clássicos para que o menino já se acostume com música boa (se for preciso até colocar o fone na barriga da mãe…rs…), ver a felicidade dos tios e avós, escolher os padrinhos, ver a cara de felicidade da mãe quando vê o filho pela primeira vez, contar os dias para o fim do resguardo, dar mamadeira, passar noites em claro sem nem se importar, ver ele dar os primeiros passos no dia dos pais, ouvir ele falando “papai” (no meu caso babai)…rs…são algumas das situações que fazem a nossa vida se encher de alegria.
E é por isso que ser pai é algo único, nos torna homens melhores e nos faz perceber o quanto nossos pais se dedicaram para nos criar.
Desejo a todos os pais e filhos um feliz dia dos pais!
Rodrigo Patricio.