Bom dia!
Eu confesso que como já havíamos preparado o Raul para se tornar o irmão mais velho e por ele já demonstrar interesse em irmãos nos pedindo muito para darmos um a ele, a fase de “aceitação” da chegada do novo membro da nossa família não nos causaria preocupação. Doce ilusão! Não foi nada disso que aconteceu por aqui…
Quando descobrimos que estávamos grávidos, Raul percebeu que as pessoas chegavam perto de mim só pra perguntar da gravidez e com isso foi sentindo que seu espaço estava sendo dividido mais uma vez. Ele que foi primeiro filho e primeiro neto de ambas as partes e primeiro bisneto da minha parte da família, vocês já imaginam como foi “mimado” por todos. Junto com isso foi percebendo que minha barriga crescia e que logo esse ser que todo mundo estava dando mais atenção do que para ele iria mesmo chegar, e que se tratava de um bebê e não uma criança como havíamos pedido na adoção… Além disso as mudanças aconteciam no quartinho dele, chegavam roupinhas miúdas cor de rosa e coisas de bebê eram recebidas com frequência aqui em casa e foi então que Raul começou a ter comportamentos estranhos, os quais nunca tinham aparecido antes. Ele começou com choro intenso para qualquer coisa que acontecesse, um simples brinquedo que caia no chão era motivo para um chorôrô danado e gritos escandalosos constantes que pareciam que eu estava batendo nele ou que ele tinha se machucado muito. Ele começou a demonstrar um medo excessivo de ir ao banheiro, começou a segurar o cocô e o xixi… Não queria ir mais ao banheiro, dizia que doía ou que estava com medo de fazer o cocô porque ia doer. E por este motivo fomos até parar no pronto socorro um dia desses de madrugada. Outro episódio foi quando ele estava brincando de massinhas e uma delas grudou na manga da sua blusa, ele começou a gritar “Ai mamãe… ai mamãe!” e quando fui ver era porque a massinha tinha grudado na blusa dele. Ai meu Deus! Que situação! Eu fiquei pensando em quem escutava esses gritos… Imaginem… risos… Eu dificilmente murmuro por alguma coisa… e me peguei perguntando o por quê disso tudo. Encontrei-me em um beco sem saída e estou tentando algumas alternativas para que essa fase de aceitação passe logo para ele, porque me dói (muito) vendo-o “sofrer” por qualquer que seja a situação.
Com isso, pesquisei em inúmeros lugares e conversei com minhas amigas que têm mais de um filho e todas me disseram que a aceitação é um pouco “dolorosa” mesmo. Que as crianças modificam bastante o comportamento. Conversei com a pediatra e com a homeopata dele que me orientaram o que fazer e me tranquilizaram. Conversei também com a minha amiga psicóloga que me alertou que vai passar e que é tudo questão dele acostumar com a mudança. Essa mudança faz parte da vida, afinal ele está mesmo “perdendo” um espaço que antes era preenchido só por ele. Recebi muitas dicas, li também muitas outras que fizeram diferença e outras nem tanto. Com esse texto tento passá-las a diante para pais que estejam nessa mesma situação em que nós nos encontramos. Meu intuito com esse blog é realmente passar a verdade da maternidade, vocês sabem que eu não mascaro os fatos para que eles se tornem lindos e agradáveis para todos lerem…. Então vamos as dicas:
- Colocar a criança para vivenciar e ajudar a arrumar as coisas do bebê. A real: Raul não gostou de me ajudar em nada. Quando pedia ajuda a ele, ele simplesmente me dizia para eu arrumar sozinha! Já ia logo me cortando… e eu respeitei! Não forcei a barra. Vamos ver depois que a Rita nascer se essa dica vai valer, mas por enquanto não rolou com ele. Até nas conversas com o assunto Maria Rita ele evitava estar perto…
- Comprar um presente e dar para a criança quando descobrir que está grávida e quando o filho mais velho for visitar o bebê na maternidade. Esta também não colou com o Raul. Ele é rebelde! Ficou bravo quando soube que seria uma menina… ele disse “Mamãe mas eu pedi um menino!” risos… Na cabecinha dele a menina viria da adoção e logo o da minha barriga teria que ser um menino. Coisas de Raul…risos… na verdade ele não queria era mesmo aceitar que estava mesmo acontecendo. Vamos ver na maternidade como ele vai reagir ao receber o tal presente da irmã. Já estamos providenciando uma coisa que ele queira muito.
- Mostrar pro filho mais velho que ele será o exemplo do mais novo. Isso tem feito resultado! Sempre aproveitamos quando vamos elogiar o Raul por alguma coisa que ele fez de legal ou quando ele tem alguma atitude bacana. Quando isso acontece dizemos que a Maria Rita vai aprender isso com ele ou que ele vai ensinar para ela. Nesses casos ele fica se sentindo importante e tem tido um efeito bem positivo!
- Não ignorar o sentimento da criança de raiva, angústia e frustração com a perda do espaço, dizendo que é bobeira se sentir assim. Essa dica também foi super valiosa. Com ela nós conseguimos reverter vários comportamentos como o de choro excessivo e do medo do banheiro. Até as histerias estão também diminuindo, ele já reconhece quando exagera na dose… risos… Sempre que o via pra baixo ou com raiva eu abaixava, dava um abraço e explicava que isso tudo que estava acontecendo seria ótimo para todo mundo da nossa família e que irmão é muito bom e dizia coisas para confortá-lo. Eu dava sempre exemplos de amiguinhos dele que tem irmãos e ele foi acostumando com a ideia e agora quando vê que alguém tem irmã ele logo me fala, “Olha mamãe, fulano tem uma irmã igual eu!”.
- Dar asas a imaginação da criança fazendo-a imaginar e “vivenciar” um pouco do que será quando a família aumentar. Raul é uma pessoa com muita imaginação e criatividade, sempre quando saímos de carro por exemplo a gente sempre fala frases do tipo “Nossa filhão, daqui uns dias a Rita vai estar aí do seu lado no banco…” e emendamos com alguma coisa legal que vamos podemos fazer quando estivermos todos juntos, e assim ele entra na brincadeira e vai se soltando. Sem dúvidas fez muita diferença na aceitação dele.
Conclusão do nosso caso clínico (risos): hoje ele aparenta estar tranquilo com a novidade, apesar de estar ainda querendo chamar muita a atenção das pessoas. Na escola por exemplo, a professora relata que ele está fazendo de tudo para chamar a atenção dela, fazendo muita bagunça nas aulas. Aqui em casa ele deu uma melhorada e está até ajudando em algumas coisas relacionadas a irmã. Já fala sobre ela, narra situações que poderão acontecer quando ela estiver aqui entre nós e diz as pessoas que vai me ajudar a dar banho, mamadeira, trocar fraldas etc. Confesso que essa fase não é fácil! E se servir de consolo… Calma, vai passar! Respire fundo e vai…
Com amor,
Ana Maria.
Fotografia por Marina Patricio
Ana, essa história me fez lembrar das histórias que minha mãe conta quando engravidou de mim. Minha irmã, assim como o Raul foi a primeira neta, bisneta, querida por todos e dois anos depois, cheguei. Ela passou por todas essas fases que você falou, choro sem motivo aparente, medos, necessidade de chamar atenção…
Lá em casa funcionou a seguinte fala “você vai me ajudar a cuidar da sua irmã. Você é mais velha e vai pode me ajudar bastante”. Isso funcionou bem, mas algo dentro dela internalizou demais isso, rs. Quando éramos adolescentes, minha mãe ia dormir quando eu saía e minha irmã ficava acordada me esperando chegar, ligava para meu celular, perguntava onde ia, com que ia e a que horas chegaria. hahahah Não reclamo desse cuidado, sinal de que a pessoa se preocupa com a gente. Fato é que irmãos são as melhores coisas do mundo e o pequeno Raul vai descobrir isso rapidinho!
Beijinhos e muita calma nesta hora!
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risos,.. que coisa boa! Irmão é mesmo tudo de bom! Hoje Raulzito já está se acostumando com a ideia e isso tem nos tranquilizado bastante. Obrigada pelo carinho com o nosso blog, Um beijo. =D
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