A importância do atendimento interdisciplinar na fissura labiopalatina

Bom dia!

Fiquei pensando em o que escrever nesse tempo em que eu não estive por aqui e cheguei a conclusão de que o assunto não poderia ser outro a não ser o meu chamado, o motivo pelo qual esse blog foi criado. Vamos falar de fissura labiopalatina, o meu assunto predileto dentro da minha profissão. O assunto que veio junto com a minha maternidade e que me fez enxergar o mundo de outra forma, que me mostrou o porquê de ter escolhido a Fonoaudiologia sem saber que eu teria um propósito e que me fez ter empatia por outras mães que passam pelo que passei sem também saber o que era de fato a empatia de verdade, a que sentimos, não a que sabemos que existe e que tanto se escuta por aí… Enfim… vamos ao assunto! risos…

Gostaria de ressaltar a importância da interdisciplinariedade na área da fissura labiopalatina, da importância de se ter profissionais aptos que conhecem e tem experiência no assunto. Quem me segue sabe que passei por um hospital que não estava preparado para receber uma criança com fissura labiopalatina e que também nesse mesmo hospital tive o desprazer de ter uma colega de profissão que não sabia nem como oferecer uma simples mamadeira para uma criança que nasceu com fissura labiopalatina. Passei por maus bocados mesmo estando preparada para receber meu filho e por ter me informado bem antes do meu pequeno nascer. Eu já sabia antes mesmo de tê-lo em meus braços como iria proceder em todas as etapas que precisaríamos passar, ou seja, quais profissionais procurar e onde poderia contar com essa ajuda profissional. Há cinco anos atrás as únicas pessoas que conheci que já haviam passado pela mesma experiencia foram duas mães, e que por sinal me ajudaram muito quando descobri a fissura do Raul, na internet não havia muito o que se ler a não ser casos graves e sem sucesso de tratamento. Vocês não fazem noção do quanto me preparei, estudei, busquei ajuda as minhas amigas de profissão, ex professoras, médicos, fui atrás de mães que tinham filhos que nasceram com fissura e mesmo assim passei dificuldades com falta de conhecimento dos profissionais envolvidos no caso. Os profissionais só sabiam o básico do que se tratava, não sabiam me explicar para onde eu iria e nem quem procuraria aqui em Belo Horizonte, e olha que fui em mais de 5 médicos diferentes até encontrar o Centrare que é um centro especializado aqui em Belo Horizonte. Foi lá que tive mais informações e encontrei os profissionais adequados e que me tranquilizaram muito. A fissura mesmo sendo 1 em cada 750 (+-) nascidos no Brasil não é um assunto muito divulgado e acredito que devido a essa certa “raridade”, o assunto não é do interesse da maioria dos profissionais envolvidos no tratamento, o que causa a falta de conhecimento até de como intervir procurando por ajuda. Falo pela experiência própria, no hospital fomos chamados e só liberaram meu filho após dizerem que só iriam liberá-lo se chamássemos um profissional capacitado em intervir na fissura labiopalatina. Então está aí a enorme importância de se ter uma interdisciplinaridade entre os profissionais capacitados a atuar no tratamento da fissura. Pelo Brasil temos grandes centros especializados em  deformidades cranio faciais onde todos estão interligados em seus atendimentos, sabem o que estão fazendo e fazem o melhor para seus pacientes. Se na sua cidade não existe esse tipo de centro especializado procurem por profissionais que tenham experiência no assunto ou que pelo menos tenham o cuidado de se informarem mais sobre o caso e que saibam te conduzir para um profissional que saiba intervir. Se os processos de intervenções cirúrgicas, sessões de fonoaudiologia para alimentação e fala, correções das alterações dentárias ocorrem no tempo adequado, os resultados serão muito mais satisfatórios. Essa é a importância da interdisciplinaridade e do sucesso do caso clínico!

Hoje em dia isso parece estar mudando, encontramos muitas informações na internet de mães, de profissionais, de pessoas públicas lutando por essas informações e expandindo o assunto fissura das suas diferentes formas, graças a Deus! Temos ONGs que lutam pela transformação dos sorrisos que ainda estão abertos e pela continuação do tratamento de milhares de crianças pelo mundo afora e que levam tratamento para onde não existe. Enquanto isso podemos pensar em qual seria o nosso papel como pais e profissionais que estamos relacionados ao assunto?! É o de passar informação. A informação é principal arma contra o preconceito e a falta de conhecimento. Se você é um profissional da saúde que pode fazer parte da interdisciplinaridade que trata fissura labiopalatina, se informe, saiba explicar, saiba CONDUZIR seus pacientes para os tratamentos adequados. Fazendo isso, vocês diminuem muito o sofrimento das pessoas envolvidas por falta de informação e aumentam o sucesso do prognóstico. Divulguem! Torne o conhecimento seu principal aliado no sucesso do tratamento e na vida dessas pessoas.

Com amor,

Ana Maria Poças.

Gratidão a todos que continuaram por aqui, mesmo eu não estando presente por todo esse tempo!

PS.: Figura em destaque retirada do Google Imagens.

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