Bom dia!
Por 11 meses amamentei minha Rita no peito e com auxilio da mamadeira completava o quanto ela precisava, fazia isso em quase todas as mamadas. Amamentei em livre demanda, ou seja, sempre que ela solicitava eu dava o peito. Nesse quase um ano de peito sempre escutei da pediatra e de muitas pessoas a minha volta que a Rita um dia ou outro largaria o peito e ficaria só na mamadeira. E eu também pensava assim! Na época da minha graduação (para quem não sabe eu sou formada em Fonoaudiologia) aprendi que existia uma grande possibilidade de isso acontecer, e sempre alarmavam sobre a famosa confusão bico do peito x mamadeira. Quem amamentou ou tentou amamentar sabe da dificuldade que é no início, para umas mulheres bem mais que para outras. Pensar em desistir de amamentar, eu mesma pensei incontáveis vezes quando as dificuldades e as dores apareceram na época da Ritoca.
O medo das mães em dar complementação na mamadeira aparece assim que surge a vontade ou necessidade de completar a mamada dos seus bebês por qualquer que seja o motivo. E esse medo é sobre a possível confusão entre bico de mamadeira e o bico do peito da mãe, ou seja, a probabilidade do bebê largar o peito da mãe por preferir a mamadeira ao peito. Mas em que consiste essa confusão de bicos que tanto escutamos falar?! É certo que os bebês precisam de muito menos força intraoral para sugarem uma mamadeira do que o peito da mãe, que é bem mais duro para sugarem. Basta você imaginar um pedaço de borracha e um tecido do nosso corpo humano que é formado por muitas camadas de pele, gordura, etc…e tentar fazer a comparação na cabeça, é claro que apertar uma borracha é bem mais fácil né!? Esse é o principal motivo dos bebês optarem pela mamadeira. Outro motivo é a forma do bico do peito da mãe. Muitas pessoas têm o formato do bico do seio invertido ou grande demais e isso também pode dificultar a amamentação, o que não significa que impossibilite a amamentação. Sem contar que quando estamos em climas mais frios o bico do peito dá uma variada na consistência e fica mais enrijecido. Já na mamadeira não tem essa, o bico é sempre do mesmo jeito e o bebê precisa somente mamar sem fazer muito esforço, como ele faz todos os dias, o fluxo será sempre o mesmo a não ser que nós adultos alteremos o diâmetro do buraquinho do bico. Essas são as explicações para que essa confusão entre bicos aconteça, porém na minha prática isso não aconteceu. A Rita seguiu conseguindo se alimentar tranquilamente das duas formas, sendo que a preferência dela sempre foi o PEITO. O que eu indico para as mamães que por algum motivo precise de completar com mamadeira e que quer continuar amamentar o bebê no peito é procurar por uma mamadeira que tenha o formato do bico que se assemelhe com o do seu peito. Não se prenda a mamadeiras com bico ortodôntico, anti gases, anti refluxo, anti isso ou aquilo, foque no formato do seu bico do peito que a sua amamentação fluirá até quando seu bebê quiser. Foi assim comigo! A Maria Rita deixou de mamar quando ela quis e acredito que não foi por confusão pois ela não demonstrou sinais de que isso tenha acontecido. Esses sinais o bebê costuma apresentar durante a mamada, que são eles:
- pegar e soltar o peito da mãe quando oferecido
- se irritar quando é colocado no peito
- morder o bico do peito
- fazer ânsia de vômito quando colocado o bico do peito da mãe
Eu acredito que existam outras possibilidades em que possam aparecer esses sinais sem ser a confusão de bicos. Por isso é necessário uma avaliação de um profissional da amamentação para auxiliar essas mães e esses bebês que vêm apresentando esses desconfortos. Não significando que esteja acontecendo de fato esse tipo de confusão. A amamentação tem que ser prazerosa, a alimentação tem que ser prazerosa para ambos, para a mãe e para o bebê. Assim, evita-se problemas alimentares futuros e consequentemente de saúde e psicológicos.
Ah só queria deixar uma observação quanto a relação mãe x bebês que é tão prezada e imposta pela sociedade onde parece que só é conseguida se você amamenta, isso eu não concordo! Eu amamentei a Rita e não amamentei o Raul e posso afirmar que o prazer de se alimentar um filho é o mesmo das duas formas, o carinho é o mesmo e o amor que vocês constroem é o ato de alimentar e não de sugar um peito ou uma mamadeira.
Com amor,
Ana Maria Poças.