Dentes X Fissura Labiopalatina

Bom dia!

Desde que Raul nasceu eu fazia uma higiene oral nele bem minuciosa por causa da fissura. Após as mamadas eu enrolava uma gaze no dedo indicador e a embebia com água filtrada e limpava a língua e as narinas dele, fazia isso sempre para evitar a proliferação de bactérias. É legal deixar claro que esse costume que eu tinha deve ser feito em todos os bebês, não somente em bebês com fissuras. Os dentinhos foram nascendo e passei a escovar com escova e pasta dental. Há  um tempo atrás eu escrevi um post sobre Higiene Oral das crianças  explicando  o que usava e a importância de se fazer. Com já quase três anos completos, meu marido e eu achamos importante que a visita ao dentista acontecesse para nos dar um norte sobre o assunto e foi então que o levamos a sua primeira consulta.

Raul tem todos os dentes exceto um no lado que a fissura acometeu a gengiva e possui algumas manchinhas nos dentes próximos à fissura. Levamos ele ao consultório da minha amiga ortodontista Paloma Marques (que também já escreveu para gente aqui no blog sobre Cuidados orais na infância) e com experiência no assunto fissura labiopalatina. No primeiro momento Raul ficou meio ressabiado e assustado com todo o equipamento que havia na sala mas logo começou a brincar com a cadeira que subia e descia, com o jatinho de vento e com a água girando na pia ao lado e então ficou mais a vontade… risos. Deixou a tia Poma olhar a boquinha e fazer os procedimentos necessários para uma primeira visita ao dentista.

As minhas dúvidas quanto a dentição eram tantas que quase deixei a tia Poma louca…. risos. Ela me explicou que o acompanhamento é diferente em cada caso de pessoas que nasceram com fissura, que vai depender do tipo de alteração na arcada dentária se a pessoa tem mordida cruzada anterior e/ou posterior. O Raul tem mordida cruzada anterior e como no caso dele a alteração não é  muito grave, logo a conduta dela foi reavaliá-lo daqui a seis meses para reaplicação de flúor e acompanhamento do crescimemto da arcada dentária. Então, vamos continuar assim de seis em seis meses, até ele completar 4-5 anos onde começaremos a fazer o acompanhamento da dentição definitiva. Uma das minhas dúvidas era se o dentinho que falta realmente não iria nascer. A explicação que tive foi que não necessariamente todos os dentes que existem na boquinha dele nascerão novamente, da mesma forma não significa que o dente “faltoso” realmente não aparecerá na dentição permanente. Somente um raio x panorâmico para nos dizer isso, mas ele ainda é muito novinho para preocuparmos com isso. As manchinhas que os dentes ao redor da fissura têm não são nada demais, são somente má formações e que não atrapalham em nada, na verdade só são perceptíveis para uma mãe “fononeurótica” como eu… risos. Como a maioria das pessoas que nasceram com fissura labiopalatina, Raul precisará de usar aparelho ortodôntico e somente após a troca da dentição começará a usar, ou seja, temos mais uns bons anos pela frente sem precisar de por aparelho. Ahhh… sobre abrir a fissura que algumas pessoas falam que acontecem quando colocam aparelho, dúvida que eu também tinha, na verdade não abre, ela já está aberta e só fica mais evidenciada com a expansão do palato e alinhamento da arcada dentária. Como já havíamos conversado aqui no blog, a fissura de palato duro (região próxima a gengiva) não é fechada. Essa cirurgia  é feita junto com o enxerto ósseo para corrigir o espaço da fissura, preenchendo-o, mas somente depois da troca da dentição. Esse espaço ainda aberto não atrapalha em nada, nem na fonação. O do Raul por exemplo nem da pra ver direito. Claro e óbvio que cada caso é um caso e deverá ser estudado e avaliado. Estou descrevendo aqui o tratamento do Raulzito que tinha fissura labiopalatina completa unilateral à esquerda.

Mais uma vez, obrigada por tudo Poma!

Com amor e muita gratidão,

Ana Maria.

Cuidados orais na infância – por Paloma Marques

Oi mamães e leitoras do blog “Fissurada na maternidade”!

Meu nome é Paloma, sou graduada em Odontologia e especializada em Ortodontia. Fui convidada pela minha amiga Aninha e vou tentar esclarecer todos os questionamentos sobre a cavidade bucal e regiões de cabeça e pescoço para vocês!

Hoje vou falar sobre as maiores dúvidas quanto à higiene bucal do bebê: quando deve ser iniciada, como deve ser realizada e qual a idade ideal para a primeira visita ao dentista.

Então, vamos lá!

O cuidado com a saúde bucal do bebê deve vir deeeesde a idade gestacional, na qual a alimentação materna adequada propicia a formação dos órgãos dentários sadios e bem calcificados. Vale ressaltar que a educação materna é o meio mais efetivo para a prevenção de cáries.

Apesar da cavidade bucal não ser colonizada por bactérias causadoras de cáries antes da erupção dos dentinhos, com a chegada do neném os pais devem iniciar os cuidados com a higiene oral, estimulando a gengiva e mantendo a cavidade bucal limpa. Essa fase proporciona mais que somente a higienização, a criação de um bom relacionamento com seu filho e um treinamento para que mais tarde ele receba a dedeira e a escova em um clima de proximidade e carinho.

Além das propriedades nutricionais e psicológicas, a amamentação é importante para o correto desenvolvimento muscular e esquelético da face. Nessa fase de aleitamento, a língua é considerada responsável pela auto limpeza da boquinha. Mas é de extrema importância remover os restos de leite da cavidade bucal. Mesmo o recém-nascido se alimentando com muita frequência, devemos fazer essa limpeza uma vez por dia (de preferência depois da última mamada), visto que as imunoglobulinas (glicoproteínas que atacam proteínas estranhas ao corpo, realizando assim a defesa do organismo) liberadas pelo leite protegem o assoalho bucal contra infecções. A higiene é realizada com a gaze umedecida em água filtrada em forma de estimulação suave pelo rebordo (sobre os quais “nascerão” os dentinhos), céu da boca, língua e debaixo da mesma.

Nos aproximados quatro meses de vida do bebê, a coceira pela erupção dos dentinhos de leite começa a aparecer. Dessa forma, pode-se utilizar a dedeira para a higienização e alívio da gengiva.

Com o aparecimento dos dentinhos (pelo menos dois deles), a dedeira já não se mostra mais suficiente. Então, a criança deverá fazer o uso da escova dental com a pasta de dente sem flúor a princípio, pois ela não saberá cuspi-la totalmente. A escova deve ser infantil, com cerdas macias, próximas e no tamanho adequado para a idade. Uma dica para os papais é que existem váááários modelos de escovas ótimos para os filhos. Inclusive para aqueles mais receosos, tem no mercado escova com proteção de tamanho, que vocês não precisam ficar encucados quanto à quantidade de escova que entra na boquinha do seu bebê. Quando se sentir mais seguro, prefira os cabos mais longos para ser ainda mais fácil de higienizar. Ah, a odontologia infantil é toda linda e colorida! Abuse das cores das escovas e torne esse momento uma brincadeira!

A primeira visita ao dentista também deve ser com a mamãe gestante, para receber as orientações para toda a infância desde já. Preconiza-se que a época ideal para início dos atendimentos odontológicos do bebê seja entre os seis e oito meses de idade. Afinal, nessa época os dentinhos já começam a “nascer”, o dentista pode auxiliar na higienização e ainda orientar os papais.

Espero ter ajudado. E não se esqueçam de cuidar da boquinha do neném!

Até a próxima!

Com amor, Paloma.