Desfralde gentil

Bom dia!

Quem tem mais de um filho não foge das comparações, mesmo que sejam feitas sem intenções de diminuir um ou exaltar o outro… As comparações sempre existiram e sempre existirão. Eu mesma me pego comparando o Raul com a Rita em quase todas as fases, mesmo sabendo que cada um tem um tempo diferente de desenvolvimento. O Raul falou com 10 meses, aos 11 já produzia frases de 2 palavras e se comunicava super bem. A Rita aos 14 meses e meio ainda não se comunica muito bem, prefere gestos do que palavras… mas tem uma coisa que me chama muito a atenção nela e é sobre isso que venho escrever hoje: o Desfralde!

A Rita já vem demonstrando interesse em desfraldar. Já arranca suas fraldas sozinha, já senta no peniquinho sozinha e já reclama quando está com cocô nas fraldas. Percebi há um mês mais ou menos que ela vinha em minha direção quando estava com a fralda cheia durante o dia e a noite já fica a madrugada inteira sem fazer xixi na fralda. Percebendo isso, uma bela manhã quando ela acordou eu tirei a fralda dela, a coloquei no penico enquanto o irmão urinava no vaso ao lado e ela simplesmente olhou para baixo para ver o xixi dela saindo. Desde esse dia, em todas as manhãs eu a coloco no penico, é a primeira coisa que fazemos ao acordar. Durante o dia, quando eu a coloco se ela não urinar, pelo menos faz o barulhinho do xixi saindo… risos. Venho incentivando dia após dia. Não retirei a fralda ainda para sairmos mas em casa ela permanece somente de calcinha. As vezes já ensaia avisar antes do xixi sair e dá tempo de corrermos para o penico. Foi ótimo isso acontecer porque ela começou a ter alergia a fraldas, já vinha apresentando quadro alérgicos com a alimentação e com produtos de limpeza e higiene, a retirada da fralda está vindo em um momento bem oportuno uma vez que as alergias começaram na área coberta da fralda. Com o Raul o processo do desfralde do xixi foi bem rápido e aos 21 meses de vida, por outro lado o cocô demorou uma eternidade… risos… Se você quiser saber como foi o nosso processo do desfralde do Raul segue aqui os dois textos que escrevi sobre o assunto:

A realidade do desfralde

A realidade do defralde #2

O desfralde em si ainda não ocorreu mas estamos no processo. E este está sendo de uma maneira bem natural, respeitando a opção dela, respeitando o tempo dela… assim como foi com o Raul. O que penso ter ajudado muito foi a adaptação da casa que seguimos a linha Montessori e o exemplo do irmão mais velho. Ela o acompanha o dia inteiro, em tudo, logo tentar imitá-lo em tudo é o natural. Estamos muito confiantes que o desfralde logo ocorrerá. Até lá!

Com amor,

Ana Maria.

 

A importância do atendimento interdisciplinar na fissura labiopalatina

Bom dia!

Fiquei pensando em o que escrever nesse tempo em que eu não estive por aqui e cheguei a conclusão de que o assunto não poderia ser outro a não ser o meu chamado, o motivo pelo qual esse blog foi criado. Vamos falar de fissura labiopalatina, o meu assunto predileto dentro da minha profissão. O assunto que veio junto com a minha maternidade e que me fez enxergar o mundo de outra forma, que me mostrou o porquê de ter escolhido a Fonoaudiologia sem saber que eu teria um propósito e que me fez ter empatia por outras mães que passam pelo que passei sem também saber o que era de fato a empatia de verdade, a que sentimos, não a que sabemos que existe e que tanto se escuta por aí… Enfim… vamos ao assunto! risos…

Gostaria de ressaltar a importância da interdisciplinariedade na área da fissura labiopalatina, da importância de se ter profissionais aptos que conhecem e tem experiência no assunto. Quem me segue sabe que passei por um hospital que não estava preparado para receber uma criança com fissura labiopalatina e que também nesse mesmo hospital tive o desprazer de ter uma colega de profissão que não sabia nem como oferecer uma simples mamadeira para uma criança que nasceu com fissura labiopalatina. Passei por maus bocados mesmo estando preparada para receber meu filho e por ter me informado bem antes do meu pequeno nascer. Eu já sabia antes mesmo de tê-lo em meus braços como iria proceder em todas as etapas que precisaríamos passar, ou seja, quais profissionais procurar e onde poderia contar com essa ajuda profissional. Há cinco anos atrás as únicas pessoas que conheci que já haviam passado pela mesma experiencia foram duas mães, e que por sinal me ajudaram muito quando descobri a fissura do Raul, na internet não havia muito o que se ler a não ser casos graves e sem sucesso de tratamento. Vocês não fazem noção do quanto me preparei, estudei, busquei ajuda as minhas amigas de profissão, ex professoras, médicos, fui atrás de mães que tinham filhos que nasceram com fissura e mesmo assim passei dificuldades com falta de conhecimento dos profissionais envolvidos no caso. Os profissionais só sabiam o básico do que se tratava, não sabiam me explicar para onde eu iria e nem quem procuraria aqui em Belo Horizonte, e olha que fui em mais de 5 médicos diferentes até encontrar o Centrare que é um centro especializado aqui em Belo Horizonte. Foi lá que tive mais informações e encontrei os profissionais adequados e que me tranquilizaram muito. A fissura mesmo sendo 1 em cada 750 (+-) nascidos no Brasil não é um assunto muito divulgado e acredito que devido a essa certa “raridade”, o assunto não é do interesse da maioria dos profissionais envolvidos no tratamento, o que causa a falta de conhecimento até de como intervir procurando por ajuda. Falo pela experiência própria, no hospital fomos chamados e só liberaram meu filho após dizerem que só iriam liberá-lo se chamássemos um profissional capacitado em intervir na fissura labiopalatina. Então está aí a enorme importância de se ter uma interdisciplinaridade entre os profissionais capacitados a atuar no tratamento da fissura. Pelo Brasil temos grandes centros especializados em  deformidades cranio faciais onde todos estão interligados em seus atendimentos, sabem o que estão fazendo e fazem o melhor para seus pacientes. Se na sua cidade não existe esse tipo de centro especializado procurem por profissionais que tenham experiência no assunto ou que pelo menos tenham o cuidado de se informarem mais sobre o caso e que saibam te conduzir para um profissional que saiba intervir. Se os processos de intervenções cirúrgicas, sessões de fonoaudiologia para alimentação e fala, correções das alterações dentárias ocorrem no tempo adequado, os resultados serão muito mais satisfatórios. Essa é a importância da interdisciplinaridade e do sucesso do caso clínico!

Hoje em dia isso parece estar mudando, encontramos muitas informações na internet de mães, de profissionais, de pessoas públicas lutando por essas informações e expandindo o assunto fissura das suas diferentes formas, graças a Deus! Temos ONGs que lutam pela transformação dos sorrisos que ainda estão abertos e pela continuação do tratamento de milhares de crianças pelo mundo afora e que levam tratamento para onde não existe. Enquanto isso podemos pensar em qual seria o nosso papel como pais e profissionais que estamos relacionados ao assunto?! É o de passar informação. A informação é principal arma contra o preconceito e a falta de conhecimento. Se você é um profissional da saúde que pode fazer parte da interdisciplinaridade que trata fissura labiopalatina, se informe, saiba explicar, saiba CONDUZIR seus pacientes para os tratamentos adequados. Fazendo isso, vocês diminuem muito o sofrimento das pessoas envolvidas por falta de informação e aumentam o sucesso do prognóstico. Divulguem! Torne o conhecimento seu principal aliado no sucesso do tratamento e na vida dessas pessoas.

Com amor,

Ana Maria Poças.

Gratidão a todos que continuaram por aqui, mesmo eu não estando presente por todo esse tempo!

PS.: Figura em destaque retirada do Google Imagens.

O nosso desmame

Bom dia!

Hoje acordei agradecendo por ter amamentado a Rita. Agradeci a oportunidade de amamentar por 10 meses e 20 dias. Agradeci a experiência que a maternidade me deu. Agradeci por mudar meu conceito de alimentar um filho. Agradeci por ter me esforçado para mudar esses conceitos, preconceitos e por chegarmos até aqui… amamentando.

Amamentar pra mim nunca foi uma prioridade. Nunca. Nem mesmo quando descobri a gravidez do Raul. Logo quando ele nasceu me foi tirado de cabeça por definitivo amamentar. Na gravidez da Rita eu simplesmente coloquei um objetivo que iria tentar e que se conseguisse, pelo menos até os dois meses de vida dela, eu a amamentaria. Muitos obstáculos aconteceram, tive ingurgitamento mamário, viroses, mastite e outras coisas que quase me fizeram desistir de amamentar… mas persisti por meses, até que o dia do desmame chegou. Sem avisar. Sem causar traumas. Foi lentamente… nas últimas semanas a Rita largou a “chupeta” dela. Não precisava mais do meu seio para se acalmar e nem adormecer. O meu fluxo de leite parecia que a acompanhava… Claro! O nosso corpo é fantástico! O leite foi diminuindo à medida que ela não procurava mais o peito. As mamadas passaram somente para a noite, até que por fim a minha Maria não quis mais. No dia seguinte ofereci novamente o peito e ela achou graça! Não o colocou mais na boca. Brincou com o bico do peito e nada mais. Nesse dia tive a certeza que o nosso desmame tinha acontecido. Minha pequena já não é mais tão pequena assim e não precisa mais do meu corpo para se nutrir. Com isso ela passou a dormir a noite. Parece que foi mesmo um marco do nosso desenvolvimento.

O dar de mamá foi um aprendizado para mim. Não é fácil! É muito cansativo! Mexe com seus hormônios… Mas é uma experiência fantástica! Agradeço muito à minha Maria Rita por me proporcionar essa experiência, esse aprendizado. Parece que ela vai puxar o irmão, pois até a mamadeira está com seus dias contados. A necessidade de sucção dela está passando… Assim vamos! Caminhando, crescendo, evoluindo juntas…

Obrigada filha, por tanto!

Amo você!

Com amor,

Ana Maria.

Congresso As fissuradas

Bom dia!

Hoje venho contar a minha experiência no primeiro Congresso As Fissuradas que aconteceu em São Paulo/SP nos dias 27 e 28 de julho de 2018.

Gostaria de destacar e elogiar o local agradável que a organização do congresso escolheu para realizar o primeiro dia de palestras. O local escolhido foi uma biblioteca infanto juvenil chamada Monteiro Lobato que fica no bairro Vila Buarque lá em São Paulo. A biblioteca é incrível tem um livro gigante aberto no chão para as crianças brincarem em cima dele, com personagens e um cenário bem bacana! Fica a dica para quem vai passear em São Paulo com as crianças.

As palestras estavam todas dentro do tema Fissura Labiopalatina e seus tratamentos. Os assuntos abordados foram desde a descoberta da fissura pela família até o feedback de pacientes já reabilitados contando sua experiência de vida e tratamento. Para uma mãe que está descobrindo agora que o filho irá nascer com fissura o congresso foi, sem dúvida, de uma importância e esclarecimento inigualáveis. Eu vi algumas grávidas lá e fiquei me perguntando o porquê não tive uma oportunidade dessa quando eu estava grávida do Raul. Foi esclarecedor, e o mais importante: acolhedor! A fissura labiopalatina é um assunto não muito corriqueiro, pois entre +- 750 pessoas nascidas, 1 nasce com fissura logo não vemos e nem escutamos muito sobre esse assunto no nosso dia a dia. Por esse motivo, muitas vezes, nós mães nos sentimos desacolhidas a cada pré cirurgia, a cada dente que não nasceu ou um que nasceu no lugar errado, a cada som da fala que ainda não saiu corretamente, enfim, a cada particularidade na nossa maternidade, a maternidade de um bebê que nasceu fissurado. Sentir-se acolhida e saber que você não é a única a passar por todas essas etapas sozinha, é fantástico! Nos enxergar nos outros, saber que cada mãe/pai que estava lá passa, passou ou irá passar por tudo o que passei com o Raul e que ainda hei de passar… Isso foi o legal do congresso!

Quando cheguei na biblioteca fui logo recebida e direcionada à mesa da entrega das credenciais, após receber as boas vindas me sentei nas cadeiras do auditório e um filme foi passado na minha cabeça. Cada detalhe desde quando o Raul ainda estava na minha barriga, cada medo e ansiedade que vivenciei eu pude (re) sentir nos minutos que aguardava. Olhava ao meu redor e via gente chegando e sentando… e eu pensava: Cara, tem muita gente que sabe o que eu senti! Logo me vieram lágrimas aos olhos, mas lágrimas de alegria! Porque com cada uma dessas etapas que passei com o Raul aprendi a ser uma pessoa melhor e aprendi que existem diferenças e que com elas somos muito mais interessantes. Cada um com a sua particularidade e isso é que torna a vida maravilhosa!

Algumas frases ditas em algumas palestras como a de uma pediatra: “As crianças que nasceram com fissura tem o desenvolvimento normal, como qualquer outra criança”, escutar isso de uma médica você não faz ideia do que significa pra uma mãe que está à espera do seu bebê fissurado, com inúmeros medos, dúvidas e receios… só quem passou por todo esse processo sabe do que estou falando. Sabe aquele respiro de alívio?! É mais ou menos assim: “Ufa! É só uma fenda! Vai passar…” Esses respiros de alívio senti muitas vezes em algumas palestras dadas por lá. Eu mesma dei algumas vezes na palestra do enxerto ósseo porque ainda não sabemos se o Raulzito irá precisar dessa cirurgia.

O que me chamou muita a atenção, também, foi o engajamento e a interação do público, o pessoal interagia, fazia perguntas, expunha casos (esses, não só os de terapeutas com seus pacientes, mas também os pais que contavam sobre seus filhos), foi uma troca de experiências e vivências enriquecedora. Ah! E mais uma coisa bacana foi que o congresso era gratuito! Não pagamos nada por estar lá e receber estas informações. Eu não sei qual o objetivo daqui para frente das organizadoras, mas se eu pudesse dar uma ideia, seria que as próximas edições do congresso acontecessem em cidades onde não se conhecem muito sobre fissura e nem têm muito onde procurar por ajuda. Foi uma ideia genial e isso precisa ir pra frente! Visitar mais lugares onde o tratamento não é muito conhecido e nem existem profissionais que saibam lidar com a fissura.

Com amor,

Ana Maria.

Da série mamãe fonoaudióloga: aquisição da leitura

Bom dia!

É tão bonitinho quando os pequenos começam a identificar as letras! Quem aqui já está nessa fase ou já passou por ela!? Por todo lado que passamos as crianças vão identificando as letrinhas do nome próprio, do nome dos pais, dos irmãos… Ah eu fico encantada! O Raul, por exemplo, quando saímos de carro toda hora grita: “Olha mamãe meu R!”.

Uma pergunta que pode aparecer é como podemos auxiliar as crianças nesse processo de aprendizagem da leitura, não é mesmo?! Alguém aí tem alguma dica!? Se você respondeu estimulando, você está corretíssimo! A estimulação é tudo na vida! Devemos incentivar os pequenos a ler… pegar livrinhos para que vocês leiam juntos, para que vocês possam olhar as figuras do livro e florear a imaginação. Ao ler as histórias peça à criança que vá descrevendo o que ela está vendo em cada imagem presente no livro. Nas letras do título do livro, que geralmente estão em caixa alta, vá observando e dando ênfase à letra associada ao nome do pequeno, caso tenha, ou de algum membro da família. Outra forma de estimular é na hora do banho. Nessa hora incentive-os a ler os nomes dos potes dos cosméticos ou simplesmente vá falando: “sabonete começa com S, olha o som que a letra S faz” e demonstre fazendo o som para o pequeno. Ao caminhar nas ruas observe e faça com que a criança observe também outdoors, placas e faixas. Livros com gravuras móveis e que têm fantoches são muito legais de serem utilizados. Com coisas simples e lúdicas fazemos a criança tomar gosto pela leitura e ir descobrindo mais e mais letrinhas, assim logo logo começam a ler sílabas e depois palavras inteiras. Quando a gente se assusta já estão lendo livros inteirinhos.

Estimular é sem dúvida a coisa mais importante que você pode oferecer a seu filho (a)! É através dela que aprendemos a falar, ler, andar, desenvolver a nossa criatividade e a nossa personalidade. É a base de tudo! Não economize nisso e você vai ter um excelente resultado.

Com amor,

Ana Maria Poças

CRFa 6-7185

A introdução alimentar, minha segunda vez.

Bom dia!

Há quatro anos e meio a introdução alimentar me foi apresentada. O Raul tinha pouco mais que três meses quando começamos a apresentar os alimentos para ele. Começamos bem cedo devido a cirurgia que ele faria aos quatro meses e com isso ficaria alguns dias sem a mamadeira. Por esse motivo resolvemos junto com o pediatra que começaríamos com a alimentação pastosa/sólida para que ele não perdesse muito peso no pós operatório e nem sentisse tanta a falta da mamadeira.

A introdução alimentar do Raul, graças a Deus foi leve. Ele sempre foi bom de garfo! Come tudo o que damos e existem poucas coisas que ele não come. Utilizamos a papinha normal no início e depois passamos pelo método BLW (caso você não conheça, vem ler aqui). Não tivemos mistérios e a adaptação foi bem tranquila e rápida. Após esses anos veio a vez da Rita. Começamos aos cinco meses e meio e dessa vez tivemos mais tempo para a introdução alimentar. Começamos com as frutas e uma boca travada para qualquer coisa que ousasse entrar nela… risos. Quando iniciamos ela não aceitava nada, tentava frutas diferentes e também colheres de diferentes materiais, o resultado era uma boca fechada e quando entrava eram duas ou três colheres e pronto, nada mais. Com insistência começou a aceitar as frutas e assim passamos para a comida salgada. Uma colher de sopa era o que ela comia no início. Hoje come o fundo de um prato cheio. Já aceita as consistências mais duras e até mastiga com aquela boca banguela que está ensaiando deixar de ser banguela com um dentinho já apontando. Com a Maria Rita também uso o BLW em algumas refeições. Como ela está na fase do aparecimento dos dentinhos, o que causa muita dor e incômodo principalmente na hora das refeições salgadas, o método está sendo ótimo de utilizar. No BLW o alimento é oferecido em partes grandes ou inteiros, assim ela aceita melhor e aproveita para coçar os dentes, diminuindo o incômodo. Dessa forma ela também recebe uma “bomba” de estímulo tátil-cinestésico a medida que vai pegando os alimentos de diferentes texturas e comendo. Essa é sem dúvidas uma excelente forma de estimular um bebê. A sujeira é certa nessas horas… risos… Só um banho depois porque até o cabelo fica cheio de comida!

Foram duas formas diferentes de introdução alimentar que tivemos por aqui, um que aceitou bem rápido e outra que precisou de um pouco mais de tempo. Cada um tem seu tempo de acostumar com as texturas, os sabores e a forma de se alimentar. Para comer é necessário toda uma coordenação, primeiro abre a boca, depois fecha a boca, existe toda uma maneira de movimentar a língua para jogar a comida para trás, tem os movimentos de mastigar que são aprendidos, etc. É um aprendizado tanto para nós que damos a comida quanto para eles que estão aprendendo a comer. E assim vamos seguindo com a alimentação da minha pequena, que já não está mais tão pequena assim… Como o tempo voa.

Com amor,

Ana Maria.

 

Quando é necessário o uso da chupeta…

Bom dia!

Hoje falaremos mais uma vez sobre o assunto polêmico, a chupeta. Já escrevi um post sobre o assunto quando recorremos à chupeta com o Raulzito, antes dele fazer a primeira cirurgia de labioplastia (veja aqui). A chupeta para mim nunca foi uma vilã, ela, ao contrário, é uma ótima aliada das mamães que assim como eu precisam de uma ajudinha extra para acalmar os filhotes ou simplesmente suprir a necessidade de sucção do bebê.

A chupeta entrou em ação novamente na minha vida quando a Rita nasceu. Os bebês têm necessidade de sucção, uns mais, outros menos, e a Rita tinha (têm) muita. Passei por maus bocados na amamentação e minha pequena além de mamar estava fazendo o meu peito de chupeta. Ficava com ela pendurada no meu peito por horas e se ousasse tirar ela chorava e só se acalmava quando colocada novamente no peito. Foi aí que resolvi introduzir a chupeta. Porém a Maria Rita não aceitou as chupetas que eu havia comprado, ela fazia ânsia de vômito toda vez que as colocava na boca dela. Comprei mais chupetas, ao todo foram dez de diferentes marcas e modelos. Tinha chupeta de todos os tipos e formatos possíveis, de látex e de silicone, mas nada dela aceitar. Recorri ao Google pesquisando como fazer uma criança pegar uma chupeta, porém nenhuma dica foi válida. Nada da menina pegar a bendita chupeta. Os meses foram passando e li que alguns bebês pegam a chupeta mais “velhos”, então a insistência e a persistência continuava… Confesso que virou uma meta para mim e esse post era para ter o título “como fazer um bebê pegar a chupeta”, mas não consegui!

Como não consegui introduzir a chupeta, não fui oferecendo o meu peito sempre que ela requisitava para se acalmar e logo ela deu seu jeito e começou a sugar o seu dedo. Aff! Isso não, Maria Rita… Eu pensei: É demais para uma #mamãefonoaudióloga. O dedo não! Voltei a dar o peito quando ela precisava! Ô saga! risos… Hoje com sete meses, ela não suga mais o dedo (Ô glória!) e ainda requisita a chupeta dela, ou seja, o meu peito, mas não com a frequência de antes. Bom… a chupeta serviu para ela pelo menos para uma coisa, coçar os dentes que estão nascendo. Eu gostaria muito de saber como se faz uma criança gostar de chupar uma chupeta. Senti muita falta disso! A chupeta seria uma excelente aliada, assim como foi pro Raul! 

Com amor,

Ana Maria.

 

Objeto de apego: O desapego

Bom dia!

Quem acompanha a gente desde os dois anos do Raulzito sabe que ele é louco com as Tartarugas Ninjas, né? Ele tem um monte de coisas das Tartarugas Ninjas, desde bonecos dos mais variados tipos até toalha de banho, e de todas essas coisas que ele tem, ele se apegou a uma blusa que não largou até os seus 4 anos e meio.

A blusa foi comprada para ele usar no seu aniversário de 3 anos, não era uma simples blusa… ela tinha um casco atrás como se fosse o casco verdadeiro da Tartaruga o que fazia o Raul se sentir o verdadeiro Leonardo, a Tartaruga Ninja preferida dele. Ele usava essa blusa para tudo, sair, dormir, segurar… a levava para todos os lugares e eu tinha que lavá-la todos os dias, sim eu disse TODOS os dias porque ele me deixava louca perguntando cadê a blusa se eu não o deixasse usá-la. Quando ela estava lavando era como se eu tivesse pegado uma coisa MUITO importante dele, a blusa era como se fizesse parte do corpo dele… já estava virando novela quando tentei comprar outra, mas para a minha infelicidade eu não achei em lugar algum. Compramos outras fantasias da Tartaruga Ninja e outras blusas também delas, mas nenhuma substituía aquela blusa do Leonardo de casco atrás. Para vocês terem uma ideia viajamos para a praia e ele usou a blusa os cinco dias que ficamos lá sem lavá-la. Só não usou no último dia porque ela caiu no mar e depois na areia… Vocês podem pensar: Nossa que porqueira… Mas, eu deixei… ou era isso ou deixava meu filho extremamente triste. Quando percebi que aquilo não estava “normal”, que essa fixação pela blusa não era um simples capricho, comecei a pesquisar e foi aí que resolvi escrever o texto sobre Objeto de Transição. Descobri que algumas crianças aderem algum objeto para acompanhar a transição delas de uma fase para outra de sua vida. Foi assim com o Raul, a blusa que era verde vivo virou um verde desbotado quase amarelo, cheia de furos, o casco já não existia mais há um bom tempo. Os furos foram sendo costurados ao longo do tempo, mas chegou um momento que não dava mais, o pano já estava tão fino que se puxasse rasgava com facilidade. Estava com vergonha de vê-lo usando a blusa. Quando ele cismava em sair vestido com a blusa as pessoas reparavam e certa vez me peguei explicando para uma moça em uma fila do caixa da farmácia o porquê da blusa estar toda rasgada e o meu filho vestido com ela.

O apego dele a essa tal blusa durou dois anos e meio, mais ou menos, e como citei no texto que escrevi sobre o apego a objetos, da mesma forma que ela apareceu o desapego aconteceu, sem explicação. De um dia pro outro ele desapegou, não vestiu mais a blusa e nem perguntou mais por ela. Deixei-a guardada na gaveta dele ainda por uns dias para ver o que ele falava, até que peguei a blusa e a guardei. Desde que guardei a blusa ele não perguntou mais por ela. Um dia, ele a viu guardada em meu guarda-roupas e me perguntou o que ela estava fazendo ali, eu disse que estava guardando para ele mostrar pros filhos dele… rimos e ele continuou a sua brincadeira.

Foi assim o desapego, sem traumas, sem neura… Talvez ele precisasse da blusa para aconchego, firmeza ou outro sentimento que não saberei explicar. O importante foi que respeitei. Respeitei a sua opinião de vesti-la quando quisesse e/ou necessitasse e respeitei até o dia que ele não precisou mais dela.

Com amor,

Ana Maria.

 

Da série mamãe fonoaudióloga: Exame videonasofibroscopia

Bom dia!

Se você é mãe de uma criança que nasceu com fissura labiopalatina pode ser que você presencie algum dia a nomenclatura videonasofibroscopia. Hoje vim explicar o que é esse exame e no que ele pode ajudar.

A videonasofibroscopia é um exame endoscópico que avalia da cavidade nasal até a laringe e com isso conseguimos ver a mucosa e as estruturas dessa região. Ele é realizado por meio de um aparelho chamado nasofibroscópio que é um aparelho que consiste em um tubo rígido ou flexível pelo qual passa uma fibra ótica que leva em sua extremidade uma câmera capaz de visualizar o interior dessa região e transmitir as imagens para um monitor de televisão. O exame é bem rápido, não precisa de preparo e não causa dor, exceto quando se tem um desvio de septo gigantesco como foi o caso do Raulzito que causa um desconforto, mas nada não suportável… risos… Para realizar o exame é utilizado um spray anestésico em cada narina antes da fibra ser passada por elas. Mas, para que exatamente serve o exame? A nasofibroscopia serve para auxiliar no diagnóstico do médico captando imagens de possíveis alterações na cavidade nasal como: desvio de septo, hipertrofia de cornetos inferiores, hipertrofia de adenoide, sinusite, podendo descobrir as causas de roncos, apneia do sono, rinites, lesões no nariz, rouquidão, sangramentos nasais, tosses, presença de corpo estranho nas narinas, etc. Podemos ainda ver a movimentação dos músculos do palato e os outros músculos que fazem parte da produção da fala, quando o médico que está realizando o exame solicita ao paciente que faça alguns sons com a boca, ou que engula a saliva, desta forma podemos verificar se os músculos estão inseridos adequadamente e se estão desempenhando a função correta. É aí que entra a importância desse exame para os pacientes que nasceram com fissura labiopalatina. A filmagem desse exame auxilia o fonoaudiólogo nas terapias e o cirurgião na avaliação se precisa ou não de uma cirurgia plástica corretora a fim de readaptar a musculatura para que a voz do paciente seja melhorada.

No caso do Raul, fizemos o exame a fim de verificar a presença de uma possível sinusite. Ele esta com uma tosse que já dura quase três meses. O resultado do exame foi uma rinite alérgica, um desvio de septo gigantesco do lado esquerdo (lado da fissura labiopalatina) e uma bela movimentação da musculatura do palato e seus músculos companheiros, para a tranquilidade da mamãe fonoaudióloga aqui.

Com amor,

Fga. Ana Maria Poças.

Vivendo um sonho

 

 

 

Bom dia!

Sobrevivi ao período de licença maternidade… risos… Desde o dia que cheguei do hospital, após a chegada da Maria Rita, continuei fazendo as mesmas coisas que sempre fiz. No primeiro mês tive ajuda da minha mãe, da minha avó, da minha tia e da minha sogra com as tarefas domésticas. Posso dizer que enlouqueci nesse primeiro mês e se não tivesse tido a ajuda delas tinha surtado de vez. Nesses meses aprendi, na marra, a me desdobrar para dar atenção para os dois filhos, o que não foi uma tarefa fácil para mim. Não durmo direito há um bom tempo. Passei por perrengues com uma virose brava que pegou o Raul no quarto dia da Rita em casa e uma gastroenterite que resolveu me pegar com um pouco mais de um mês após o parto. Tivemos um “belo” começo de vida nova, não é mesmo!? Tive que ter fé, muita fé para que minha pequena não pegasse nenhuma dessas duas viroses… Em meio a esses acontecimentos, tive um começo não muito agradável de amamentação, esse já comentei por aqui… e com tudo isso acontecendo fui me dando conta de que minha nova realidade de maternidade estava apenas começando… Não tive mais minhas roupas lavadas e passadas, não tinha mais minha casa limpa e nem minhas refeições preparadas. A minha “licença” tinha chegado ao fim.

Dois meses se passaram e as aulas do Raul começaram e além das tarefas da casa que ainda estavam sendo domadas, tive que me adaptar a mais uma nova rotina. Os horários da Rita e do irmão não coincidiam. Enquanto eu estava amamentando ou dando banho na Maria Rita, o Raul me solicitava para outra atividade que eu não podia ajudá-lo no momento. Isso me frustrava muito! Ele sentia a diferença do meu tratamento, da minha atenção que já não era somente dele e eu me sentia muito culpada por isso. Eu sabia que a minha vida seria diferente com dois filhos e que daria conta do recado, mas na realidade eu me embananei com os acontecimentos, com meus sentimentos e na bola de neve que havia se tornado minha vida. Eu não via saída. Fiquei chata, muito chata! Ficava nervosa com a casa bagunçada e com as “birras” do Raul, que na verdade eram por causa da minha “ausência” sentida por ele. E eu não sabia nem por onde começar para sairmos dessa fase em que nos encontrávamos. Os meses foram se passando, hoje, após 5 meses, me sinto mais em paz. Essa fase foi necessária para o nosso crescimento e para o nosso conhecimento. Estamos nos moldando e aprendendo devagarinho que tem espaço para todos. Nós três, Raul, Maria Rita e eu, estamos aprendendo e nos aceitando. Sabemos das necessidades de todos, quando estou amamentando o Raul já é capaz de me pedir para ficar ao lado dele ao invés de ficar pulando e pendurando em meu pescoço enquanto amamento a irmã. Ou quando a irmã está dormindo ele já diminui no barulho para que ela não desperte. Ah! Temos mais uma quarta pessoa… o meu marido. Se antes eu e ele fazíamos o Raul dormir e ainda sobrava tempo (e disposição… risos) para um jantar a dois, agora temos que fazer dois dormirem e rezar para o sono não vir antes do jantar ficar pronto… risos… É tão diferente! Tão cansativo! Mas ao mesmo tempo tão gratificante. Basta ver o carinho do Raul com a irmã ao conversar com ela, vê-lo fazer carinho com suas mãozinhas gordinhas no cabelo dela ou quando ele chega da aula e vai direto procurando pela irmã que o meu coração transborda de amor.

Meu sentimento é de gratidão! Agradeço por tudo o que vivi e por tudo o que ainda vou viver com esses dois seres que me foram confiados. A maternidade me define! Sinto-me feliz, plena, grata por tê-los e por exercer esse papel tão lindo de ser mãe. Reclamo às vezes, murmuro muitas outras, mas não viveria sem esses dois. Eles, definitivamente, vieram para me completar, mudar, transformar, para me fazerem crescer. Hoje sou outra Ana Maria, uma pessoa que procura ser melhor em tudo o que faz.

Com amor,

Ana Maria.

Ps.: Fotografia por Maria Patrício